sábado, 3 de março de 2012

#486



Ninguém muda ninguém; ninguém muda sozinho; nós mudamos nos encontros. Simples, mas profundo... É nos relacionamentos que nos transformamos. Somos transformados a partir dos encontros, desde que estejamos abertos e livres para sermos impactados pela ideia e pelo sentimento do outro.

Já viste a diferença que há entre as pedras que estão na nascente de um rio, e as pedras que estão na sua foz?As pedras da nascente são toscas, pontiagudas, cheias de arestas. À medida que elas vão sendo carregadas pelo rio, sofrendo a acção da água e criando atritos com as outras pedras, ao longo de muitos anos, elas vão sendo polidas, desbastadas. Assim também são os nossos contactos humanos. Sem eles, a vida seria monótona, árida.

A observação mais importante é constatar que não existem sentimentos, bons ou menos bons, sem a existência da outra parte, sem o seu contacto.... Passar pela vida sem nos permitir-mos estar num relacionamento próximo com o outro, é não crescer, não evoluir, não se transformar. É começar e terminar a existência com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa.

Quando olho para trás, vejo que hoje carrego em meu ser várias marcas de pessoas extremamente importantes. Pessoas que, no contacto que tive com elas, me permitiram dar forma ao que sou hoje, eliminando arestas, transformando-me em alguém melhor, mais suave, mais harmoniosa, mais integrada. Outras, sem qualquer dúvida, com as suas acções e palavras, limaram novas arestas, que precisaram ser desbastadas. Faz parte... Reveses momentâneos servem para o crescimento. E a isso chamamos experiência. 

Penso que existe algo ainda mais profundo...

Começamos a jornada da vida como grandes pedras, cheias de excessos. Os seres de grande valor, percebem que, ao final da vida, foram perdendo todos os excessos que formavam as suas arestas, aproximando-se cada vez mais da sua essência, e ficando cada vez menores, menores, menores... Quando finalmente aceitamos que somos pequenos, ínfimos, dada a compreensão da existência e importância do outro, e principalmente da grandeza de DEUS, é que finalmente nos tornamos grandes em valor.
 
Já viste o tamanho de um diamante polido, lapidado? Sabemos o quanto se tira de excesso para chegar ao seu âmago. É lá que está o verdadeiro valor... Pois, DEUS fez cada um de nós com um âmago bem forte e muito parecido com o diamante bruto, constituído de muitos elementos, mas essencialmente de AMOR. DEUS deu a cada um de nós essa capacidade, a de AMAR... Mas temos que aprender como...

Para chegarmos a esse âmago, temos que nos permitir, através dos relacionamentos, ir desbastando todos os excessos que nos impedem de usá-lo, de fazê-lo brilhar.

Por muito tempo da minha vida acreditei que amar significava evitar sentimentos menos bons. Não entendia que ferir e ser ferido, ter e provocar raiva, ignorar e ser ignorado fazia parte da construção da aprendizaem do amor. Não compreendia que se aprende a amar sentindo todos esses sentimentos contraditórios e... os superando.

Ora, esses sentimentos simplesmente não ocorrem se não houver envolvimento...E envolvimento gera atrito.
 
A minha palavra final: NÃO FAZ MAL HAVER ATRITOS!

1 comentário:

CGuerra disse...

GOSTEI IMENSO DO QUE LI....DE GRANDE VALOR....BEIJO GRANDE